01/03/2016 10h39

Dura realidade - por Geraldo Magela

Compartilhe


Afirmei no programa Bola na Mesa da Catve FM de sábado (28): Se o FC Cascavel vencer o clássico frente ao Toledo se classifica; se empatar talvez se classifique; e se perder fica fora. Pois bem o FC Cascavel jogou mal e foi derrotado por 3 a 0, agora só o tempo dirá se eu estou certo ou errado no meu prognóstico.

Dois "grandes" e duas "pequenas"

Nesta segunda feira (29) a comissão de arbitragem da Federação Paranaense de Futebol comunicou o afastamento de dois auxiliares de arbitragem que "erraram" nos jogos Foz do Iguaçu e Londrina e PSTC e Coritiba.

Curiosamente essas duas supostas "falhas" teriam prejudicado as equipes do Londrina e do Coritiba respectivamente, duas equipes consideradas "grandes" e candidatas ao título do certame, agora a pergunta que não quer calar é a seguinte: A comissão de arbitragem do Paraná teria tomada a mesma atitude se as equipes prejudicadas fossem as humildes equipes do Foz do Iguaçu e PSTC?

Vai ao estádio mais leve cadeira

Domingo (28) o estádio ninho da cobra de Cascavel foi palco da abertura do Campeonato Paranaense de Futebol da Segunda de Divisão com o jogo entre a equipe do CCR - Cascavel Clube Recreativo e Cambé, vitória do time da casa pelo placar de 1 a 0 largando com o pé direito na competição. Até aí tudo bem, tudo normal se não fosse o fato de o estádio não possuir arquibancada, os torcedores tiveram que improvisar os assentos ou até mesmo levar as cadeiras de casa. Uma vergonha para nós cascavelenses!!! Agora pergunto: Como que a Federação Paranaense de Futebol libera uma praça nessas condições para tão importante competição?

Forte no Paranaense

Ninguém duvida da capacidade do técnico Nei Victor em montar equipes competitivas para disputa do paranaense de futsal, mas caixa para estruturar uma equipe para disputas de competições nacionais são outros quinhentos, penso ser muito difícil a equipe de Victor lograr êxito na Taça Brasil e na Liga Futsal levantando o "caneco", por possuir um plantel acanhado se comparado às equipes de ponta do Brasil.



25/02/2016 12h20

Um celeiro vazio - Por Geraldo Magela

Compartilhe


Há muito tempo nosso celeiro está vazio. Há mais de uma década não se formam valores para o futebol por aqui; e olha que pelas nossas características sulistas é fato que possuímos os genes da promessa. Por aqui está o grande talento para os gramados do mundo, e são vários!

Nos campos de peladas dos bairros, nos terrões improvisados por uma marcação de cal e duas traves envergadas pelo tempo, observamos o talento que se perdeu. A pedra preciosa que não foi lapidada, as pernas de craque e cabeça de operário que muitas vezes por falta de uma política voltada para a prática desportiva (formação de jogadores) tiveram que optar pelo trabalho precoce.

Nos campos amadores e nas competições sem holofotes, uma mescla de sonhos e desesperanças, é fácil constatar que a promessa de craque deu lugar para nuances de felicidade.

Em pouco tempo de prosa ouve-se relato como "jogo futebol, porque amo, porque dá prazer, é algo que não sei explicar, sabia que um dia sonhei em brilhar nos estádios? Enfim, jogo futebol para amenizar a minha dor, a minha frustração".

Depois de muitos anos de mandos e desmandos no futebol cascavelense, nos últimos tempos surgiram em Cascavel uma esperança, quem sabe uma luz no fim do túnel para os apaixonados que sonham em ver nossa cidade no cenário nacional futebolístico. No entanto, é necessário que se apoie essas iniciativas, é necessário que os torcedores apoiem as nossas equipes e que o empresariado invista em "um" para dar sustentabilidades aos clubes.

Em Cascavel temos duas equipes, O CCR - Cascavel Clube Recreativo que está na 2ª Divisão do Campeonato Paranaense e o FCC - Futebol Clube Cascavel que está na elite do futebol do estado em plena competição.

É necessário que o futebol de base funcione em Cascavel, isso identifica os jogadores com os torcedores e propicia a formação de craques que podem ajudar nas finanças dos clubes, além de oportunizar talentos na realização de sonhos, afinal; chega de celeiro vazio!



09/07/2015 14h26

Recordar é Viver! Preto Casagrande

Muito mais que um jogador

Compartilhe



Foto: Wordpress.com



Era sábado de março, outono de 1985, a cidade de Cascavel amanhecera com céu cinzento, frio, um vento cortante encontrava meu peito, com pouca roupa e sem blusa nenhuma. Estava eu, na Rua Paraná na esquina com Sete de Setembro, olhei um pouco abaixo, avistei na varanda de um hotel, uma movimentação intensa, homens, jovens rapazes, adolescentes e crianças, conversavam e riam copiosamente. Cheguei de mansinho por ali, espremido entre uma marquise e um pilar da entrada do hotel, encostei-me e fiquei ali como se parte daquela alegria eu fizesse. O papo era sobre bola, futebol; dali saia histórias do passado, presente e futuro, entre um papo e outro alguém disse: o jogo de amanhã é decisivo, se vencermos a equipe da Platinense garantimos nossa classificação.

E prosseguiu: Zico com a sua segurança no gol, Boni e Bosco repetindo as boas atuações de sempre, com Mossoró e Delcio abastecendo Serginho, Silvio e Odilon na frente, certamente venceremos com tranquilidade. Meu coração disparou naquele dia, sim, era verdade, encontrei concentrado no Hotel Plaza, toda a equipe do Cascavel Esporte Clube – A minha paixão!

Estava frente a frente com todas aquelas feras daquele forte time da serpente no qual eu só via na televisão e ouvia nas ondas do rádio. Que alegria!!! O Cascavel Esporte de Clube de 1985 era escalado com Zico, Jorge, Boni, Bosco, Dirceu, Nilton, Mossoró, Délcio, Serginho Jacaré e Odilon, para se ter uma ideia depois sai Zico e entra Maisena, sai Nilton e entra Oleúde José Ribeiro, ele mesmo, o Capitão da Portuguesa, São Paulo, Japão, depois de sua projeção por aqui.

Como era prazeroso aquele ambiente de futebol de outrora, na altura dos meus 12 anos era tudo que eu queria encontrar, apaixonado por este esporte, hoje me encontro decepcionado com os rumos que a bola tomou, aquela essência verdadeira do futebol acabou.

E ali eu me senti muito bem, porque além de poder ver e conhecer pessoalmente todos aqueles craques, também fiz amizade com três jovens garotos, estavam ali André Ricardo, Luiz Felipe e Carlos Eduardo (o Preto), todos Casagrande no sentido literal da palavra, expansivos e acolhedores, filhos do Tchê - Darci Casagrande e dona Zaira - a jararaca (risos) forma carinhosa pela qual os boleiros se referiam à mãe dos meninos, uma pessoa formidável!
Eu queria que aquele dia não acabasse nunca, de certa forma nunca se acabou, esses momentos estão imortalizados em minha memória como um dos dias mais felizes da minha vida!

Teve churrasco, como estava por ali, me convidaram a participar, sempre receptivos todos me trataram muito bem, e a partir deste dia fui desenvolvendo minha amizade com todos e fui introduzido no mundo do futebol, observando todas as vertentes desta envolvente e apaixonante modalidade. Desenvolvi uma amizade incrível com o Cado, Preto e Féli, os filhos do Tchê e abaixo retrato a bela trajetória de um dos seus filhos, prepare-se e desfrute da bela história de Preto Casagrande no futebol.


Perfil

Carlos Eduardo Casagrande, mais conhecido como Preto Casagrande nasceu na cidade de Cascavel, no dia 7 de maio de 1975, filho de Darci Tchê e Zaira Casagrande, e tem como irmãos, André Ricardo, Luiz Felipe e Maria Eduarda.

Preto sempre esteve envolvido com a bola, seu pai fora jogador do Ypiranga de Erechim (RS) e depois que parou de jogar seguiu como dirigente de futebol, sendo um dos responsáveis pela ascensão do futebol em Cascavel, inclusive do título de Campeão Paranaense de 1980, mais isso é assunto para outra matéria.

Envolvido com a bola
Preto vivia nos campos de futebol desde sua tenra idade, não se desgrudava de uma bola ele e seus irmãos André Ricardo e Luiz Felipe, cresceram apaixonados por bola, muitas vezes ele viaja com a delegação e era vítima de muitas brincadeiras, os jogadores se divertiam com ele, acompanhe este relato: “A delegação do Cascavel Esporte Clube voltava de Bandeirante, norte do estado do Paraná, onde a equipe foi disputar mais uma partida do estadual daquele ano, parou para jantar em Maringá, e o Preto ainda guri com 10 anos estava com a gente, e no restaurante ele sentou ao lado do Serginho Jacaré que gostava muito dele, e quando meu filho se descuidou o Serginho tirou a dentadura da boca e a mergulhou no copo de coca-cola do Preto, e quando o menino foi tomar um gole se desesperou ao sentir o barulho da perereca em sua boca (risos), foi uma gozação só, todo mundo rachou o bico dando risada (risos), e desta forma ele já foi pegando a malandragem do futebol, o Preto cresceu neste ambiente, fato que contribuiu muito para o êxito em sua carreira” - Tchê Casagrande, pai do Preto.


André Ricardo, Batista ídolo colorado e Preto Casagrande

A luta – relato de Preto Casagrande
“A pedido do meu grande amigo Magela vou compartilhar um pouquinho da minha história dentro do futebol".

Comecei com 6 anos de idade numa peneira feita por um tal "Milton Barbosa". Jovem educador físico recém-chegado de Marechal Cândido Rondon e com expectativa de reunir uma garotada boa de bola e formar um time só no boca a boca.

Um primo meu Marlus Martins, me ligou num sábado à noite convidando pra ir pro Sérgio Mauro Festugatto (Ginásio de Esportes) no domingo. E nesta peneirada começava a caminhada do Preto (Carlos Eduardo Casagrande) no futebol. Foram quase 10 anos de parceria. Era colégio Cristo Rei e posteriormente Eucatur!

Inúmeros campeonatos, amistosos, torneios e muitas, mas muitas viagens com esses times! Galera massa, o que dizer do Marlus, Duca de Castro, Juca Belletti, Laudinho, Picollotto, Fábio Galas, Maurício, Paulinho Steffani, Itamar, Beto, Fabrício, entre outros, ambiente maravilhoso e de grande valia pra minha vida, tanto pessoal como no profissional.


Equipe da Eucatur Futsal - 89/90 – Uma máquina de fazer gols

Em uma dessas viagens, tinha amistoso contra o time de futsal do Vasco da Gama. (Miltão adorava viajar, tinha ônibus de graça e andamos quase o Brasil todo jogando futebol de salão), acabei me destacando e veio o convite para um teste. Eu já estava com 15 anos, mas nunca tinha jogado campo, nossa equipe era de futsal. Junto ao convite, a primeira viagem de avião. Os clubes gostam de enganar a gente no início (risos), depois vem a realidade!

Estava nas nuvens, indo com meu Pai, famoso Tchê Casagrande, para o Rio de Janeiro de avião, fazer teste no Vasco da Gama. Imaginei aí!

Chegamos num dia e já tinha um amistoso no outro. Contra um time de meninos de um orfanato, molecada boa demais. Entrei no jogo, meio deslocado, tinha jogado futebol de campo poucas vezes, mas minha estrela já começou a brilhar, fiz um gol e meu pai lá pra me emocionar mais ainda, foi inesquecível!

Tive muitas dificuldades de adaptação, tanto no futebol como na vida. Pensei em desistir tantas vezes. E no meio dessa angústia, recebi a primeira visita da minha mãe Dona Zaira, ela ficou apavorada com as condições da concentração, imagine, deixei para trás uma vida confortável e muito carinho da família e amigos em Cascavel. Ela não teve dúvidas, me levou embora pra casa. Disse que meu pai era louco em ter me deixado naquele lugar (risos), na verdade eu vibrei, não aguentava mais!



Voltei pra Cascavel e passei o resto do ano tentando um teste num lugar melhor, com melhores condições. Consegui o São Paulo, mas na época tinha "contrato de gaveta". Era obrigado a voltar pro Vasco. Bateu um certo desespero ter que voltar para lá, mas implorei para minha mãe, estava decidido, era o que eu queria, já estava totalmente envolvido e comprometido com o futebol, era meu sonho, meu chão, precisava tentar, ela precisava ceder e cedeu. Retornei no ano seguinte e a partir daí foram 5 anos, de luta, de choro, as vezes me desesperava com saudade da minha família, aí vinha mais um jogo, eu arrebentava daí amenizava minha angustia, foram muitos os dias tristes e poucos, bem poucos os dias felizes, mas não tinha jeito, estava decidido a vencer, sabia que papai do céu iria me honrar e o meu esforço não seria em vão!


Preto Casagrande comemora a vitória sobre o Internacional (3 gols na partida). Foto reprodução SporTv

Em 1994 fiz minha estreia no profissional, foram 3 gols no Maracanã contra o Internacional do meu pai e irmãos. Emoção inexplicável e indescritível.
Em 95 uma hepatite e a possibilidade de prematuramente encerrar minha carreira. Perdi praticamente o ano todo pra recuperar, fiquei um período em casa sob os cuidados da minha família, período que recebi muito apoio deles e dos meus amigos que diziam: Não desista, você vai realizar seu sonho! Em 1996, outro momento de muita reflexão, retornei ao Vasco e fui emprestado para o Olaria e a partir daí a construção dos meus sonhos!” (Preto Casagrande)”.


Preto Casagrande em Salvador revivendo a goleada sobre o Inter de Porto Alegre. Foto reprodução SporTv

Nos Bastidores
A incerteza, o medo e a solidão sempre acompanham os milhares de jovens brasileiros que deixam seus lares precocemente e rumam aos clubes de todo País, em busca de seus sonhos, uns porque veem no futebol a única oportunidade de sair da extrema pobreza para garantir um futuro melhor para si e sua família, outros até vivem confortavelmente no seio familiar, mas o sonho de se tornar um jogador famoso, jogar em grandes clubes e na seleção, faz com que deixe tudo para trás e se arrisquem em busca de realizar-se. E Nesta segunda opção é que se enquadra esse herói, esse guerreiro e afirmo que para o Preto Casagrande deixar para trás outras oportunidades que uma família bem estruturada podia lhe oferecer, era bem mais difícil, avançar quando nada se tem torna-se a única saída.


Amigos de infância, futebol toda hora, o tempo todo!

Ele acreditou, foi em frente, lutou o bom combate e venceu, tornou-se um jogador famoso, próspero e vencedor, encerrou a carreira precocemente, mas foi um homem equilibrado, aplicou bem seus rendimentos e hoje aos 40 anos é um jovem empresário bem sucedido, comanda uma rede de 05 postos de combustíveis, sendo quatro em Salvador (Bahia) onde fixou residência e outro em Cascavel onde mora seus familiares.

Trajetória
Carlos Eduardo Casagrande começou no Vasco, em 1994, não se firmando por conta de ter contraído uma hepatite, justamente quando assumiu a titularidade, destacando-se, fazendo gols, inclusive rendendo convocação para a seleção brasileira sub 20, ficou parado quase um ano se recuperando e se transferiu para o Olaria em 1996.


A elegância de Preto Casagrande – Foto divulgação

Vitória BA
Quando Artuzinho assumiu o comando técnico do Vitória/BA em 1997, solicitou a contratação de Preto que chegou para atuar pelo rubro-negro baiano, atuando como cabeça de área, habilidoso, ótimo com as bolas nos pés, com uma visão de jogo apurado, bom passe e ótimo arremate foi destaque no bicampeonato nordestino, em 1997 e1999, e nos dois títulos estaduais nestes mesmos anos.


Vitória Esporte Clube - Campeão da Copa do Nordeste de 1999

Vitória de Guimarães - Portugal
Chamou a atenção de diversos clubes e foi contratado pelo Vitória de Guimarães, em 2000. Não permaneceu muito tempo em Portugal, percebeu-se neste período certo bairrismo, a preferência pelos jogadores de lá.

Bahia – BA
Preto retornou para o Brasil para defender o Bahia, arquirrival do clube que lhe projetara. No Tricolor de Aço, foi outra vez bicampeão da Copa do Nordeste e uma vez campeão baiano e levou a Bola de Prata em 2001 como o melhor volante do Campeonato Brasileiro daquele ano. Pode se dizer que por este feito Preto se transformara em Rei de Salvador, muito requisitado em todos os lugares públicos da cidade, nas ruas, shoppings, restaurantes a multidão se aglomeravam para abraçar, pedir autógrafos e tirar fotografia com ele, um frenesi incontrolável!


Preto Casagrande no Bahia – foto divulgação

Atlético Paranaense
Em 2002, após uma passagem pelo Atlético/PR, voltou ao Bahia para participar da campanha que rebaixaria o tricolor à Série B.

Santos Futebol Clube
Ainda supervalorizado, a pedido do técnico Wanderlei Luxemburgo compôs a equipe dos meninos da vila, com Diego, Robinho, Elano e Cia, atingiu o auge na sua carreira foi Campeão Brasileiro pelos Santos Futebol Clube vestindo a mística camisa 10.


SP - COPA SUL AMERICANA - ESPORTES - Preto Casagrande (E) e Zinho durante o jogo do Santos X Flamengo - Estádio Urbano Caldeira (Vila Belmiro) - Santos (SP) - 15/09/2004 - Brasil - Djalma Vassão/Gazeta Press

Fluminense
Foi contratado pelo Fluminense, em 2005, para participar do Carioca, do qual foi campeão e do vice-campeonato da Copa do Brasil.

Após uma passagem pelo Fortaleza, retornou ao Leão para participar da promoção do time baiano à Série B, em 2006. Teve outro retorno no ano seguinte ao Bahia. Encerrou sua carreira de futebolista no Volta Redonda, em 2009 aos 34 anos. (fonte: Wikipédia).


Preto Casagrande – treino Fluminense – Agência/Fotocom.net

Os irmãos
Preto, o que falar desse meu irmão, que se eu disser que foi um pai pra mim, vou ser injusto com o Tchê, se eu disser que não foi, vou ser injusto com ele próprio. Pois bem, acredito que sempre norteou a vida da nossa família, sendo um cara batalhador, que sempre teve uma visão daquilo que queria pra ele e pra todos, e buscou isso incansavelmente, independente das condições que se apresentavam pra vida dele todo o momento. Chegar aonde ele chegou, é pra muito poucos. Alcançar o que ele tem hoje, pra menos gente ainda. Ter uma generosidade, um coração gigante como o dele, não conheço ninguém. Se juntar estas características, estaremos diante de um homem de bem, que sempre deu muito valor a família e ao trabalho dele, e que, se hoje é feliz, fez por merecer. Errar, assim como todo ser humano, teve seus erros, que, comparado aos acertos, se tornam insignificantes. Preto atleta: Pra resumir, se hoje não assisto muito mais futebol é por culpa dele. Ele me ensinou a ver o jogo com outros olhos. Antes, um torcedor fanático do PFC (Preto Futebol Clube), acordava e dormia pensando como foi seu treino, se ele machucou, se treinou bem, se jogou bem, se levou cartão....e ele ali, naquela elegância digna de Falcões, Beckembauers, atletas que jogavam com a cabeça erguida e o cérebro em movimento. Saudades. Se é exagero, pode até ser a opinião do leitor, mas pra mim, ele foi o cara, e eu tenho direito de achar isso.Hoje cansei, por que o melhor meio campo do mundo parou de jogar antes mesmo de eu mostrar para o meu filho. Foi triste. Sorte que temos youtube. Amém! (Felipe Casagrande)


Preto Casagrande durante treino no Santos – Foto Fernando Satos/Folha imagem

Oh Gera, a trajetória do Preto você acompanhou desde pequeno né, ele sempre foi um cara muito dedicado, passou muitas dificuldades, começou na Eucatur Futsal com o Milton Barbosa que foi um cara que influenciou muito no início da sua carreira, a Eucatur foi uma escola pra vida dele. Depois passou pelo Vasco, nada foi fácil, ele sofreu, pagou o preço, ficou toda sua juventude afastada da família, longe da gente e o nosso papel foi apoiá-lo mesmo com o coração partido de não tê-lo por perto, mas agente se uniu e decidimos apoiá-lo em tudo. Graças a educação que nossos pais sempre nos passaram, aliado ao sonho de meu pai que sempre quis ter um jogador na família, a força da mãe nas orações e nos cuidados, apoiado por mim e pelo Feli, o Preto encontrou base forte para vencer e graças a Deus conseguiu, atingiu o auge no título brasileiro dos Santos em 2004 e preservou o sucesso que fez com as passagens pelo Vitória e Bahia sendo inúmeras vezes campeão nas duas equipes. Preto é o nosso orgulho! (André Ricardo)


Zaira Casagrande com os seus três filhos, Cado, Féli e Preto

A mãe
O que tenho a dizer desse filho Geraldo, você acompanhou de perto minha dedicação e a do pai dele, a educação que sempre fomos atentos, a prioridade foi e é, rezar, ir a Santa Missa com nós pais, o Tchê um querido, ajudava em tudo, mas na hora de decidir ele dizia, fale com tua mãe (risos). O Preto sempre foi bom aluno, tudo que eu pude fazer para o melhor, eu fiz, e o resultado está aí, junto aos irmãos André Ricardo e Luis Felipe todos queridos, homens do bem, honestos, trabalhadores. O Carlos Eduardo, nosso Preto sempre nos ajuda, eu então, sem palavras, em todo o tempo, obrigado meu Deus! (Zaira Casagrande).


Preto Casagrande na Seleção Brasileira Sub 20

O que Preto significa pra você Tchê?
Meu filho, meu amigo, meu parceiro, meu orgulho, tudo prá mim. Gera, só Deus sabe, quantas vezes chorei escondido de saudade, de medo, de alegria e de agradecimento. Fomos ousados, muitas vezes inconsequentes, imagine, permitir que um filho de 15 anos vá morar no Rio de Janeiro em busca de um sonho, sonho meu, sonho dele, sonho dos irmãos e também da mãe dele, todos nos arriscamos, mas graças ao bom Deus deu tudo certo. Eu queria que meus três filhos fossem jogadores, tá bom demais agradeço a Deus todos os dias por ter me permitido realizar esse sonho de ter pelo menos um filho jogador profissional. Obrigado meu Deus! (Darci Tchê Casagrande).


Felipe, Preto, Tchê e Cado.


Preto Casagrande com seus filhos Rafael e Camila, bem maior!

É desta forma, que retrato com muito orgulho um pouco da belíssima trajetória do meu amigo Carlos Eduardo Casagrande, o Preto, um ser humano fantástico, sinônimo de força, perseverança e humildade, marcou sua geração e está registrado nos anais da história como alguém a ser seguido pelas futuras gerações. Preto Casagrande é muito mais que um jogador, é um exemplo!


Legenda: A escalação do Santos na última e decisiva partida dianta do Vasco da Gama em São José do Rio Preto foi a seguinte: Mauro; Paulo César, Ávalos, Leonardo e Léo; Fabinho, Preto Casagrande, Ricardinho e Elano (Marcinho); Robinho (Basílio) e Deivid (William). O técnico era Vanderlei Luxemburgo.


08/05/2015 14h39

Recordar é Viver! Eloi Kruger

A missão de um transformador

Compartilhe


"Crescer dói muito, crescer requer inteligência, persistência, atitude. Não é sobre gols, derrotas ou vitórias. É sobre guiá-los e seguir numa direção que os ajude a crescer e se tornarem cidadãos." - Eloi Kruger

Perfil:
Eloi Kruger nasceu no dia 7 de setembro de 1951 na cidade de Blumenau/SC, uma das mais belas cidades do Brasil. Filho de Udo Kruger, motorista de caminhão - chofer, como se dizia na época e de Irma Tonet Kruger, doméstica, mas de quem veio toda a formação familiar dos seis filhos do casal.


Logo se mudou para Rio do Oeste, uma pequena cidade do centro catarinense, onde cursou os primeiros anos da escola fundamental. A vida de Eloi consistia em estudar, jogar futebol com os amigos, colher pinhão, cortiça (saborosa fruta nativa), tangerina, laranja, uva. Ajudava nas tarefas de casa, como lavar/enxugar a louça, varrer o quintal, cortar lenha para o fogão e forno (ambos a lenha).


Seminarista
Foi para Irati/PR, como seminarista, onde ficou alguns anos e retornou para Rio do Oeste já com 18 anos e sem muita expectativa de emprego na cidade pequena.


Cascavel no caminho
O tio de Eloi, irmão de sua mãe, Giovani Tonet residia em Cascavel e lhe fez o convite para vir a Capital do Oeste – na época uma cidade em pleno desenvolvimento. Nos anos 70 Cascavel e região eram locais a serem desbravados. Viviam do extrativismo da madeira, Erva Mate e começava o ciclo da agricultura, especialmente soja, trigo e milho.


Cascavel, anos 70
Em 1970 Cascavel era uma jovem cidade emergente. Estava no fim do ciclo da madeira e o início do ciclo da agricultura. O Colégio Wilson Joffre e Marista eram ícones culturais, enquanto Cine Delfin e Coliseu se constituíam nos principais pontos de encontro dos jovens cascavelenses. A Avenida Brasil tinha suas três pistas para o trânsito e era o orgulho e diferencial da cidade. Gaúchos e catarinenses predominavam. Elói destaca - "Estranhávamos o barro vermelho."
No futebol, o Brasil seria tricampeão mundial, com a geração Pelé/Tostão/Gerson/Rivelino e era a referência de qualidade do futebol mundial.
"A Copa do Mundo de 1970 foi o evento transmitido pela primeira vez, pela televisão, em preto e branco. Na frente da Catedral N. S. Aparecida os cascavelenses, pessoas das cidades circunvizinhas e até do Paraguai - uma multidão - se acotovelavam e puderam ver a transmissão pela tv, ao vivo. O cine Delfin e Coliseu colocaram televisores e transmitiram os jogos da Copa ao vivo, enquanto exibiam filmes inimagináveis, hoje!" relembra Eloi.


Primeiro Emprego
Chegando a Cascavel, logo foi trabalhar no Banco Sotto Maior - depois Banco Nacional e hoje incorporado ao Grupo Itaú.


O amor pelo futebol
Terminou o Segundo Grau no Colégio Wilson Joffre. E como semelhante atrai semelhante, para sociabilizar utilizou-se do futebol e do futsal, fatores fundamentais e que teve influência enorme em sua vida. A cidade tinha acabado com o futebol profissional - Cascavel Futebol Clube - fruto de má administração. Vários jovens e grandes atletas de Cascavel jogavam pelo clube e ficaram sem chão e horizonte profissional. Casos de Alvir Preisner, Chico Sarolli, Admar, Mafessoni, Osmar (jogou no Atletico Paranaense), Edson Poeta, Miltão, Itacyr, dentre outros.


O Dom de descobrir talentos
Como atleta Eloi Kruger sempre foi um jogador mediano, limitado, mas despontava na equipe como um grande observador e conhecedor tático, nos vestiários nos intervalos ou no final das partidas sempre apontava o êxito da equipe quando vencia e era efusivo ao desnudar as falhas do grupo diante das dificuldades e das derrotas, e desta forma com apenas 23 anos começou a descobrir novos talentos como Max, Rubinho, Cafú, Ronaldo, Cabinho, Juarez, Hélio Maurício, Caio Junior, Indio, Jorge Sorbara, Saulo, e do grupo inicial de peladas nasceu o Café Piquiri.


Rivalidade no Futsal
No futsal vivíamos uma época de ouro com rivalidade entre especialmente três grandes forças: Derac, Igol e Discolândia, depois Soloquímica, o gen era formado para mais tarde surgir equipes fortes e competitivas para disputa do campeonato paranaense de futsal.


Rivalidade no Futebol nasce o Cascavel Esporte Clube
Da rivalidade entre os dois gigantes do futebol amador - Café Piquiri e Damagril, e além de uma nova e renovada força a Super Lajes com Dileto, Lísias, Edson Porfirio, Paulo Sérgio, Tiãozinho, Passarin, Oscar Rafahin, Caio Junior, Dedé, Denivaldo, Butiaco, Almir, Chicão, Algacir, Machineski entre outros foram fatores preponderantes para formação de uma equipe profissional.

Em 1979, nasceu o Cascavel Esporte Clube sob o comando do Divaldo Beletti no profissional e Eloi Kruger no comando da base, neste mesmo ano a equipe profissional sagrou-se vice-campeão da Segunda Divisão e no ano seguinte a equipe conquistou o título de Campeão Paranaense de Futebol, quem não se lembra do título de1980.



Profissional
No futebol profissional o Cascavel Esporte Clube oscilou muito e fez campanhas ora memoráveis e outras vezes com performance sofrível. Via de regra, por ingerência política e ou/má administração.


Uma base forte e o surgimento de muitos talentos
A base, entretanto, mantinha-se forte e o clube era um celeiro de craques - geração após geração aparecia novos talentos. Como o clube sempre teve uma política voltada para a importação de jogadores e não para o aproveitamento dos pratas da casa, muitos foram realizar seu sonho em outros centros. Eloi cita o Admar, Chico Sarolli, Caio Junior, Julio Cezar, Jorginho, Hélio Maurício, Rubinho, Cafú, Maximino, Manoel, Varguinha, Cabinho, Oscar Rafahin, Dileto Mecabô, Leonir, Leonildo, Lile, Tiãozinho, Denivaldo, Dedé, Olivio, Seir, Leandro, Luiz Carlos, Charles, Neo, Josias, Tuta, Regis, Tile, Marcos Palácio, Valter, Vilson Corbélia, Claudio França, Lisias, Roberto França, Silvio, Teodoro, Zé Moro, Olavo Orso, Dé, Darlan, Edinho, Mauro Sarolli, Claudir Bressanelli, Miltinho, Nivaldo, Reginho, Robertinho, Paulo, Monteiro, Roberto Monteiro, dentre outros fizeram parte das primeiras gerações revelados em Cascavel. Alguns foram para grandes centros e jogaram nos clubes gigantes do futebol brasileiro, um tempo em que as importações de atletas pelos clubes Europeus eram raras nos anos 70 e 80.


Dois guerreiros
"Doraci Machado e José Guedes foram fundamentais no trabalho de formação dos atletas nesta fase", complementa Eloi.


Mais craques
No fim dos anos 80 e início dos anos 90 e 2000, as gerações foram se sucedendo: Alcindo, Amarildo, Andé Ronick Neto, Nei Victor, Rogério Macanhão, Farina, Joemilson, Adilson, Aparecido Alexandrino, Aparecido Campos, Cafu, Cristiano Avalos, Bispo, Paulinho Corbélia, Dario, Veloso, Adans, Airton Zanin, Alexandre Badke, Anderson Miguel, Alexandre, André Gonçalves, Bebeto, Cleiton Cezarotto, Clodoaldo, Denilson, Diego Giareta, Edú Cortina, Glauber, Eduardo, Nilson, Edmilson Azevedo, Elvio Svaigen, Eládio, Eleandro, Fábio Januário, Fábio Souza, Gil Pimenta, Gilberto, Gilmar Galo, Gilson, Gledson, Haroldo Felipe, Irineu, Jean Carlo, Joca, João Paulo, Jovani, Kleber, Vanderlei, Renato Manguinha, Reinaldo China, Roberto Rivelino, Robson Holodniak, Rogério Erhtal, Luizinho, Sidiclei, Silmar, Marcelo Preisner, Moura, Ni, Patrick, Rafael Meassi, Piti, Maisena, Capitão, Marcos Teixeira, Marquinhos Palma Sola, Marcos Edinei, Marcos Horvath, Marcos Sanches, Maycon, Dala, Valter Garbato, Sandro José, Sandro Souza, Mi, Paulo Heitor, Paulo Henrique, Paulo Borges, Paulo Rogério, Veiga, Lei, Dirceu, Samuel, Serginho Brasilia, Valdecir, Wagner, Roberto Andrade, Marquesini, Christian não necessariamente na ordem cronológicas, podemos afirmar que foram importantes revelações e fizeram a fama do clube como formador de atletas. De fato esta cidade se notabilizou como um grande celeiro, impossível citar todos;


Futsal
Em 1978 Kruger foi Campeão Paranaense de Futsal - Categoria adulto - time que tinha: Audinir, Indio, Rubinho, Cafú, Max, Saulo, Varguinha, Jorginho, Otil Bandeira, Hildo... como Diretor de Esporte o Marcos Antonio de Souza.

Em 1981, então na Santa Cruz – Campeão Paranaense - categoria juvenil, time que tinha os jovens talentos Rafahin, Dedé, Nei Victor, Macanhão, Tile, Paulo Ivan, Olavo Orso. Como Diretores os irmãos Claudemir e Ildebrando Vale.

A frente da Santa Cruz Eloi acumulou o Vice Campeonato Paranaense, nas categorias adulto e juvenil e foi inúmeras vezes campeão Citadino de Futsal - nas categorias adulto e juvenil.


Clubes e conquistas
No final dos anos 90 e início dos anos 2000 com a falência do Cascavel Esporte Clube, nasceu o Cascavel S/A - um projeto inovador para a época, mas por mau gerenciamento teve vida curta. Obteve ótimos resultados dentro de campo e usava praticamente somente pratas da casa

Com a falência de gestão do Cascavel S/A Eloi resolveu aceitar o convite para trabalhar em Colatina. "Muitos alegavam que só tinha perfil e competência para trabalhar em Cascavel e na base"

Em Colatina Kruger foi Campeão Estadual, na categoria profissional com uma base de atletas que trabalhava com ele no Cascavel: Eduardo Nakano, Fábio Januário, Irineu, Gilberto, Fábio Santos, Adans, Bispo, Paulo Rogério, Marcos Palma Sola, Rui Rei, Glauber.

"Fizemos muito sucesso. Na sequência disputamos a Copa do Brasil e fui convidado pela Federação Capixaba para treinar a Seleção Capixaba para as disputas do Campeonato Brasileiro de Seleções - Região Centro Oeste. Fomos vice-campeões - perdendo o título no saldo de gols para Goiás."

Na comissão técnica com Eloi estava os professores Dala, José Guedes e o Claudio Roberto.

De Colatina, em 2004, Eloi foi para Jaguaré, Espírito Santo e conseguiu o título de vice-campeão da Copa Espírito Santo. Trabalho muito bom com Edivaldo, Edinho, Augusto, Kill, Fé, Malafaia, Valber entre outros.

Do Espírito Santo Kruger foi para Santa Catarina – Sagrou-se campeão dos Jogos Abertos de Santa Catarina, treinando a Seleção de Itajaí. Em seguida transferiu-se para Mococa, com o professor José Guedes, preparando a equipe para a Copa São Paulo de Futebol, tendo como gestor o tetracampeão Cafú. "Ótima experiência, gratificante trabalho".

Na sequência por indicação do Dario, foi treinar o Águia Negra, de Rio Brilhante. Outro período de ouro - campeão estadual - Profissional. Na Comissão técnica, Renê Stanzioni e Claudio Roberto. O título e revelação de inúmeros atletas traduzem a performance. Vários jogadores estão em grandes
clubes do futebol brasileiro e mundial - Kanú, Jorginho, Careca, Gilson.

"No ano de 2010 retornei para Cascavel, na Primeira Divisão, a convite do Nei Victor, Dileto Mecabô e Luiz Rafahin. Uma campanha boa na primeira fase - sem derrota em casa e com um regulamento ridículo - o super mando."


Novas revelações de atletas e aproveitamento máximo da prata de casa: Gilson, Wagner Quirino - dentre as principais revelações e pratas da casa - Rafael Victor, Kinho, Vagner. Na preparação fisica o professor José Guedes, como preparador de goleiros Nivaldo Penafiel. De Cascavel usamos ainda o Irineu que foi o artilheiro do campeonato estadual e Sidiclei.

Em 2011 foi a vez do Sete de Setembro de Dourados receber o professor Eloi que destaca "um clube com um bom centro de treinamento e que trabalha muito com a formação de atletas."


A tristeza de ver o CCR na 3ª divisão
Em 2012 Eloi retorna para o Cascavel para a disputa da Segunda Divisão. "A perda de 6 pontos no tapetão determinaram a queda do clube para a Terceira Divisão, posição que permanece até hoje. Lamentável!"

Em 2013 Eloi foi para Novoperário, de Campo Grande, Mato Grosso do Sul e em 2014 desembarcou em Blumenau, Santa Catarina para cuidar de uma micro empresa de estamparia, da qual é sócio.


Paixão por Cascavel
Como se seu umbigo tivesse por aqui enterrado, não tem jeito, vira e mexe, Eloi Kruger retorna a Cascavel, neste ano recebeu o convite da Secretaria Municipal de Cascavel para assumir a Seleção de Cascavel para os Jogos da Juventude do Paraná e para a Seleção de Futebol de Cascavel para os Jogos Abertos do Paraná. E prontamente aceitou.

"No momento estou vendo jogos das categorias sub 17 e sub 19 para futura convocação de atletas, importante salientar que a formação de atletas precisa de alguns nortes que o objetivo final não seja pecuniário; que a formação do cidadão prevaleça sobre a formação do atleta; que tenha como missão e objetivo treinar, desenvolver o talento que o atleta possui naturalmente e que a qualidade do treinamento leve o atleta naturalmente a realizar seu sonho."

Creio que estes nortes foram decisivos para que Eloi se credenciasse para receber o título de Cidadão Honorário de Cascavel, proposto pelos vereadores José Roberto Magalhães e Jaime Vazata ex-atletas do Professor, título esse mais do que justo aclamado por unanimidade entre os 21 vereadores de Cascavel no dia 13 de abril de 2015. Acompanhe:


Câmara Municipal do Município de Cascavel aprova título de cidadão honorário para Elói Kruger
Os vereadores aprovaram por unanimidade na sessão desta segunda-feira (13) o Projeto de Decreto Legislativo 02/2015 que outorga o título de cidadão honorário ao técnico de futebol Elói Kruger.

A homenagem foi proposta pelo vereador Robertinho Magalhães com apoio dos vereadores Aldonir Cabral, Marcos Rios, Gugu Bueno, João Paulo, Nei Haveroth, Fernando Winter, Ganso sem Limite, Celso Dal Molin, Jorge Bocasanta, Jaime Vasatta, Walmir Severgnini, Romulo Quintino e Vanderlei da Silva.

Como explica o vereador Robertinho Magalhães, "Elói Kruger tem uma grande história no meio esportivo de nossa cidade, dando oportunidades para pessoas de baixa renda e colaborando para a formação humana e cidadã dos atletas". Para Nei Haveroth, o esporte precisa de mais líderes que ajudem o esporte a se desenvolver, dada sua importância na formação dos estudantes. Na opinião do Professor Paulino "se não ocupamos o tempo das nossas crianças e adolescentes com esporte e educação, as drogas e o descaminho ocuparão este espaço".

Após ser aprovada a homenagem pelo plenário em única votação, a Câmara definirá com o homenageado uma data oportuna para a solenidade oficial de entrega do título de cidadão honorário.

Elói atua atualmente nas categorias do futebol de base de Cascavel. Passou por diversos clubes e conquistou vários títulos em campeonatos regionais e estaduais.
Kruger é um dos principais responsáveis pela difusão da prática do futebol em Cascavel nos últimos anos, com a formação e revelação de inúmeros atletas para clubes nacionais e internacionais.

"Acredito e transfiro a homenagem a tantos que trabalham no desporto cascavelense - e cito especialmente: Doraci Machado, José Guedes, Dala, Valter Garbato, José Lourival Scardelai, José Piranha, Rene Stanzione, Edmilson Pereira, Wanderley Wizikowski, Ladir Salvi, Sergio Bialeck, Toninho, Nei Victor e todos educadores por excelência." - Eloi Kruger.

Fala com orgulho que se inspirou em importantes figuras locais como Adão Wilie Dias, Joel de Locco, Fernando Gomes, Moacir Eleutério. José Guedes, Renê Stanzione e Munir Caluf.

"Quanto aos atletas, em um primeiro momento você estende-lhe a mão. Em seguida, anda ombro a ombro, de igual para igual e via de regra, com o tempo, eles te superam".

E assegura - "Cada atleta que trabalhamos, fica registrado em nossa memória e foram importantes em determinado momento. Mas, o principal é que inspiram novos meninos a correr atrás de uma bola, a buscar a realização de seu Sonho."

Eloi Kruger nunca se casou e reitera sua opção "como entender um Carmelita, um monge no Tibet, um Padre ou Ermitão no deserto" e observa "vale lembrar que 30% da população pelos mais variados motivos e opções vivem sem se casar e são extremamente felizes, na qual me incluo."

Assim registro neste espaço a bela trajetória deste abnegado do futebol, o solitário da bola, que afirma que sempre foi muito feliz, por ter sido cúmplice na felicidade de muitos.

Clubes:
Cascavel Esporte Clube Pr - de 1979 a 2000 – 2010 e 2012
Colatina/ ES - 2000 a 2004
Jaguaré / ES- 2005
Aguia Negra / MS - 2007 a 2009
C. F. Rio de Janeiro 2009
Marcilio Dias/ Itajaí/SC - 2011
Sete de Setembro de Dourados / MS 2011
Novoperário, Campo Grande / MS - 2013
Seleção de Cascavel - Jogos da Juventude e Jogos Abertos do Paraná - Cascavel/Pr 2015

Formação acadêmica:
Segundo grau
Cursos: Futebol (principais)
* Participação no Footecon (Rio de Janeiro) , 2009,2010, 2011
* Participação no Footecon (Curitiba) 2012
* IV Congresso Internacional de Educação Fisica, Desporto e Recreação (1989)
* Sindicato dos Treinadores Profissionais do Estado de São Paulo - I e II Curso Teórico e Prático de Futebol (1991 e 1992)
* Secretaria de Estado da Educação - Centro de Treinamento do Magistério (1992)
* Primeiro Congresso Estadual do Esporte - Festur (1992)
* Universidade Estadual de Londrina (1993)
* Consejo de Deporte Y Recreacion de Chile (1995) - Futebol Infantil
* Federação Paranaense de Futebol - Benemérito de Futebol do Paraná (1995)
* Congresso Mundial Fiep/95 e 10 Congresso Internacional de Educação Fisica, Desporto e Recreação (1995)
* Seminário Internacional de Esportes (1997)
* I Seminário Científico de Futebol - UnicenP (1999)
* Instituto Wanderley Luxemburgo - Curso de Futebol (2008)
* Sindicato dos Treinadores Profissionais do Estado do RS ( 2012)

Março de 2015 - Recebido o Título de Cidadão Honorário de Cascavel

Referencias profissionais:
Francisco Cezário –( Presidente da Federação de Futebol do Mato Grosso do Sul) ;
Marcos Mateus (Presidente da Federação de Futebol do Espirito Santo);
Nei Victor –(Treinador do Cascavel Futsal)
Iliê Vidal - (Presidente do Esporte Clube Aguia Negra)
Evandro Rogério Roman – (Deputado Federal)
Isaias Tinocco – (gerente de futebol)
Enio Farias – (gerente de futebol (Rio de Janeiro)
Pedro Soares (Gerente de futebol)
Claudio Roberto Silveira (Treinador)
Silmar Rezzadori (empresário)
Sergio Silva (preparador fisico)
Capitão (ex-atleta; gerente de futebol)
Luis Carlos Oliveira (empresário)
João Alemão (futebol)

Títulos: Base
- Campeão dos Jogos Abertos do Paraná (1985)
- Campeão dos Jogos da Juventude do Paraná (1995)
- Campeao Internacional no Chile (1996)
- Campeão dos Jogos Escolares do Paraná (1996)
- Campeão dos Jogos Abertos de Santa Catarina (2001)

Profissional:
- Campeão Paranaense de Futebol (1980)
- Campeão Campeonato Estadual do Espirito Santo; (2001)
- Vice campeão do Campeonato Estadual do Espirito Santo; (2002)
- Vice-campeão da Copa Espirito Santo; 2003)
- Campeão do campeonato Estadual Sul-matogrossense (2007)

Principais atletas revelados:
Maizena, - goleiro - (Cascavel, São Paulo, Internacional, Seleção Brasileira sub 23)
Alcindo, atacante - (Cascavel, Flamengo, Gremio, São Paulo, Kashima Antlers, Seleção Brasileira sub 23)
Luiz Carlos - meia - (Cascavel, Flamento / Vitória / Portugal)
Leandro meia - (Cascavel, Vasco da Gama)
Jean Carlos – meia - (Cascavel, Palmeiras, Cruzeiro, Juventude, Parma)
Sidiclei Souza - volante ( Cascavel, Coritiba, Japão)
Marcos Teixeira – lateral - (Cascavel, Coritiba, Cruzeiro)
Nilson – lateral - (Cascavel, Internacional, Criciuma)
Careca - atacante - ( Aguia Negra, Corinthians)
Henrique – atacante - ( Aguia Negra, Corinthians, Figueirense )
Kanú - zagueiro (Aguia Negra, Liege/Bélgica)
Fábio Januário – meia - (Cascavel , Irã)
Maycon, goleiro - (Cascavel, Grêmio, Seleção Brasileira sub 20)
Giuliano – meia - (Cascavel, Grêmio)
Amarildo - atacante (Cascavel, México)
Capitão – volante: (Cascavel, Portuguesa, São Paulo)
Gilson – lateral:(Cascavel, Paraná, Gremio, Cruzeiro, Vitória)
Reginaldo - lateral (CCR , Coritiba)
Cristiano Ávalos - zagueiro (Cascavel, Paraná Clube, Santos)
Irineu - atacante (Cascavel, Coréia do Sul)
Willian - meia ( Rio de Janeiro, Manchester United)
Caio Junior - meia (Cascavel, Grêmio, Portugal, Paraná Clube)
Julio Cezar - goleiro (Cascavel , Internacional)


30/03/2015 10h00

Recordar é viver! Moacir Eleutério

O boêmio da bola e da música

Compartilhe


No mesmo ano em que nasciam Renato Aragão e Carlos Alberto de Nóbrega, atores, humoristas que fazem a gente sorrir para não chorar, Eder Joffre - o maior pugilista, homem que batia para não apanhar da vida, nasce em Porto Alegre Moacir Eleutério, o homem que amava para não sofrer.

Perfil
Inverno de 30 de julho de 1936, no bairro boêmio da Vila Mariana, ao som de Lágrimas de Orlando Silva, seu Gastão comemorava o nascimento de mais um filho, nascido do ventre de sua madre progenitora dona Carmen, cumpria assim sua missão terrena, em pouco tempo viria a falecer, quando o menino ainda era bebê. Moacir Eleutério constitui-se em um negro esbelto e promissor.


Criado pela madrinha
Para salvaguardar a vida do filho por conta dos destemperos do avô e do tio, o mestre de obra Gastão depois que ficou viúvo, achou melhor enviar Moacir para morar com dona Ieda, tia e madrinha do menino, e foi no Bairro Bonfim que acaba vivendo sua infância humilde, mas cheia de amor e cuidados.


Início no futebol
Inspirado pelo futebol da seleção brasileira de 1952 com Carlos Alberto, Adésio, Mauro, Zózimo, Edison, Larry, Milton Pessanha, Didi, Evaristo de Macedo, Humberto Tozzi, Jansen e principalmente por Vavá que era o mais jovem do grupo com 17 anos, Moacir estraçalhava nos campos de peladas do Bonfim, fato que chamou atenção de olheiros que andavam por ali em busca de talentos, um deles o levou para o Cruzeiro (POA) e com 16 anos, era início da sua trajetória no futebol.


O anunciador
Pela qualidade técnica e pelo belo futebol praticado, e depois comparando as suas características física, parece-me que Moacir Eleutério estava anunciando e preparando o caminho para chegada do maior jogador de futebol de todos os tempos. Em 1956 na baixada santista surgia no Santos FC e na Seleção Brasileira com os mesmos 16 anos de Moacir, Pelé o rei do futebol.


Grande promessa
Moacir chamava atenção de todos pelo seu jeito esguio e rápido com a bola nos pés, logo teve destaque pela sua incrível habilidade na perna direita além de um potente arremate, goleador nato, e antes de se tornar profissional foi contratado pela equipe de Joinvile/SC.


O altar
Quando partiu para Joinvile, seu coração havia ficado em Porto Alegre, tanto que em 31 de janeiro de 1959 casou-se com Gessi Isabel Francisco e neste mesmo ano assinaria seu primeiro contrato profissional com o Atlântico de Erechim, ele e dona Gessi tiveram quatro filhos, Carlos Alberto (in memoriam), e Márcia que nasceram no estado Rio Grande do Sul, Moacir Júnior e Márcio, o popular Mussa nasceram em Cascavel.


O Ypiranga
E após fazer fama na equipe do Ypiranga até final do ano de 1964, Moacir assinaria contrato com a outra equipe da cidade, o Atlântico, o sucesso também foi grande, jogou por lá até final de 1966 e depois se transfere para o Chapecoense, e mais tarde aceita o convite de Tessari e desembarca em Cascavel para ser treinador.


As águas do Guaíba
Em 1974 o mais duro golpe para um pai, morre aos 14 anos afogado nas águas do Guaíba em Porto Alegre o seu primogênito Carlos Alberto. Dor e amargura tomaram conta de Moacir e sua família, Carlos Alberto e seus amigos foram banhar-se no famoso rio Guaíba e não venceu a água, acabou se afogando, momento de muita dor e tristeza para a família e amigos.

A chegada no Tuiuti
Em 1978 a convite do presidente do Tuiuti Esporte Clube - Wladmir Welter, hoje é agropecuarista em Vera Cruz do Oeste, e do tesoureiro Edgar Bueno - atual prefeito de Cascavel, Moacir é contratado para exercer o cargo de massagista do
clube.


Técnico do Cascavel Esporte Clube
Em 1979 - Foi contratado para ser técnico do time profissional do Cascavel Esporte Clube, experiência que repetira mais tarde em 1983 a convite do então presidente Caetano Bernadini.


Os relatos de alguns amigos que acompanharam sua trajetória


Darci Casagrande "Tchê"
"Conheci o Moacir na década de 60, 70 em Erechim/RS, eu era da equipe de Juniores do Ipiranga e ele profissional, vindo do Cruzeiro, um meia direita muito bom, fazia muitos gols, jogavam bem para chuchu, era ídolo, o torcedor adorava ele, tanto no Ipiranga quanto no Atlântico, na época jogava com o Carioquinha (o Carica) que também mora em Cascavel, veio a primeira vez a Cascavel com o time do Atlântico, foi uns dos primeiros aviões a descer por aqui com uma delegação inteira, o aeroporto ficava ali onde é a prefeitura nova, levantava um poeirão danado. Morou muito tempo no nosso hotel, meus falecidos pais adoravam ele. Boa praça, gente boa, se vestia impecavelmente, usava roupa branca como ninguém, era metido o negão (risos), andava só na pinta, jogou no Tuiuti, no Comercial, foi massagista no Azulão e treinou a equipe do Cascavel, divulgou muito o futebol da nossa cidade, merece essa lembrança. Cantou na noite e tocava um cavaquinho mundial, muito gente boa, pena que morreu muito cedo, deixou saudades"


Carlos Corso (Carlão)
"Bem pelo que eu conheço, ele o Moacir Eleutério sempre foi um cara da comunidade, fazia amigo fácil, fácil, ele chegou aqui vindo de Porto Alegre, e como eu trabalhava com o Caburé no Auri Verde a partir de 1964, o Caburé disse que jogou com ele no Chapecó, então tinha todas as boas referências possíveis. Cantava bem, cantava ao lado do Alvir, ai no Tuiuti nos bailes por aí. Mas eu que não esqueço de um lance em um jogo, eu sempre joguei como zagueiro e nós éramos do mesmo time nesta ocasião e quando ergo a cabeça vejo o Moacir a frente pedindo a bola pela ponta direita, então eu lancei a bola que por certo caiu no pé dele que executou com uma perfeição, fez um golaço, mais uma pintura de gol, e este lance nunca saiu da minha cabeça. Era um técnico exigente, sério, competente, cobrava bastante dos seus comandados e na noite andava sempre na pinta, penso que o Moacir foi feliz em Cascavel, porque a felicidade agente não encontra, agente faz a felicidade, e ele era um cara bacana, de fácil convívio, sorridente, elegante, se vestia bem, é impressionante, naquela época só existia pó e barro, por aqui se via as palhoças e só conhecíamos o trabalho, mas quando observávamos o jeito elegante de Moacir se vestir, estilo este trazido por ele de Porto Alegre, todos nós passamos a nos vestir assim, então nos sábados costumávamos vestir terno com a gravata e entre tantos Moacir era elegantíssimo, com aquele terno transpassado, arrebentava."


Pedro Mikilita
Falar do Moacir Eleutério é algo que me emociona, até porque eu era muito ligado a ele e a família, e por conta de seu envolvimento com o futebol nos tornamos amigos inseparáveis, veio de Porto Alegre para trabalhar no Tuiuti e inclusive ele foi o primeiro treinador do time profissional da cidade de Cascavel, na época em 1979 ele e o Chiquinho Zimmermann montaram o primeiro time profissional da cidade que foi o Cascavel Esporte Clube. Um fato interessante se não me falha a memória o Moacir Eleutério foi um dos primeiros negros a chegar em Cascavel, chegou por aqui, sempre elegante, educado, se vestia bem, tinha uma característica peculiar, era muito simpático e agradável, sempre comunicativo, passava muita segurança para todos de forma que foi conquistando todo mundo, nos clubes, nas peladas, na música era um dos artistas que tínhamos por aqui. E com o passar do tempo, ele começou a se sentir mal, foi internado no Hospital Policlínica, eu fui visitá-lo e confesso a você que fiquei chocado ao deparar com o meu amigo daquela forma, tão debilitado. O médico então orientou-nos que o enviasse para um centro maior para que pudesse receber um tratamento mais adequado, e a decisão foi enviá-lo a Porto Alegre seu berço natal. Nós nos cotizamos para as despesas dele, montamos uma caravana e o levamos para a Foz do Iguaçu onde seria seu embarque para Porto Alegre, e no aeroporto eu, Pedrinho e outros amigos brincavam com Eleutério convidando-o para tomar uma cervejinha, e ele disse: "olha, vocês não estarão livre de mim, estou indo a Porto Alegre me tratar, vou recuperar a saúde, depois vou fazer um estágio aprimorado de treinador no Grêmio e vou retornar para Cascavel para retomar o comando técnico do time e vamos colocar o time em lugar de destaque que ele merece" falado isso confesso a você que todos nós nos emocionamos e rolou até lágrimas, depois disso, nunca mais vimos o Moacir, infelizmente a doença foi mais forte e ele acabou falecendo em sua terra natal."


O que diz a famíla


Dona Gessi
Católica, fervorosa diz que Moacir era ainda juvenil no Cruzeiro quando se conheceram "aí nós começamos a namorar, daí casamos, depois nós fomos para Joinvile, Erechim, Chapecó e um amigo o Tessari trouxe ele para Cascavel, ele era muito feliz, vivia solto né (risos), gostava muito da noite, adorava sair com os amigos, eu deixava se não ele ficava bravo, ele gostava é de ser livre, a música sempre esteve com o Moacir, em Porto Alegre saía nas escolas de samba, andava sempre com o seu inseparável cavaquinho, ele era muito exibido (risos), eu dizia, homem não sei como eles dão conta de você na rua. Sempre bem vestido, as roupas tinha que estar impecáveis, apesar das estripulias digo que Moacir foi um bom homem, cuidou de mim, dos filhos e ajudava a todos, era de um coração muito bom e sincero as suas amizades, adorava receber os amigos em casa, e pedia para eu fazer aquela muqueca caprichada para servir aos seus convidados, não saia sem um bom terno e sem uma boa gravata, sempre em um bom perfume, adorava um alfaiate. O nosso filho Moacir Jr. herdou o cavaquinho do pai dele e de tanto zelo que ele tinha pelo instrumento, certo dia ele deu um banho nele, mergulhou o cavaquinho na água que não resistiu, daí ele chorava pela falta do cavaquinho, eu ficava com muita pena, porque eles todos gostavam de musica. Dona Gessi além de ser uma simpatia de pessoa também é muito generosa, se alegra por ter aumentado a família através da adoção de Camila que chegou na casa quando tinha apenas 4 meses e hoje com 22 anos é o xodó da família. Gessi, mulher guerreira que mesmo nas lutas, nas dificuldades, nunca se esquece de ser grata a Deus e aos amigos e diz. "Aproveito a oportunidade, para agradecer primeiramente a Deus e depois a todos os nossos amigos, que estiveram conosco nas tristezas e nas alegrias, agradeço de coração a todos que nos assistiram e nos ajudaram nas dificuldades".


A filha
"Meu pai passou pra mim muitos ensinamentos, eu sempre tenho aquela lembrança assim de um homem feliz, que sempre correu atrás dos seus sonhos, que batalhou, ensinou muitas coisas pra nós e é claro que fez toda diferença. Foi um homem que sempre fez o que quis, sobreviveu através do esporte, e teve na música o seu prazer, nos ensinou a acreditar nas pessoas e nessa de acreditar muito fez com que ele levasse algumas rasteiras em Cascavel, não sei se Cascavel foi tão grato com ele como ele foi grato com Cascavel, mas tudo bem, faz parte, ele amava um pagodinho, era bem amigo de Martinho da Vila que quando vinha para Cascavel para fazer shows os dois festejava juntos, cada vez que eu vejo o Martin da Vila na televisão eu lembro do meu pai", diz Márcia.


Os Filhos
Tanto Moacir Júnior quanto Marcio o caçula são unânimes em afirmar que o pai para eles foi um ídolo, um homem honesto, cuidadoso com a família, que não deu luxo, mais deu muito amor e carinho, "ele me imunizava, vivia com ele nos jogos, nos campos de futebol, mas ele não me envolvia muito no meio, dizia que no futebol tinha muita coisa errada, queria outra coisa para minha vida, me sinto feliz por ele ter sido um grande jogador e um grande treinador, sei que está marcado na história do futebol de Cascavel", finaliza Moacir. Já Márcio diz "o que mais me consola, são os depoimentos dos amigos que testificam a importância que ele teve primeiro como ser humano e depois como um desportista de primeira grandeza, é um orgulho saber que tive um pai assim".


A morte
Penso que Moacir Eleutério por ser um homem que amava demais, deixou-se morrer lá atrás, com o trágico afogamento do seu primogênito Carlos Alberto, embora que se tenham outros filhos, quando se perde um, é como se arrancasse um pedaço da gente, e este fato pode ter mexido muito com a cabeça de Moacir, uma vez que a busca é constante para se entender a tamanha perda.


Em 28 de fevereiro de 1985, no hospital mãe de Deus em Porto Alegre, o peito de Moacir Eleutério parou de bater, parou de insistir, antes mesmo de completar 50 anos, o homem que encantava como jogador, agradava como treinador e emocionava como cantor, partiu e deixou um legado "seja correto, seja amigo sincero e ame desesperadamente e quando tudo parecer perdido canta, canta minha gente, que a vida vai melhorar, canta forte canta alto, que a vida vai melhorar, que vida vai melhorar, que a vida vai melhorar" Moacir Eleutério (in memoriam).


16/03/2015 11h10

Recordar é viver! Paulinho Cascavel - A lenda!

Em um passado não muito distante, de Brasil a Portugal, dentro da área eu fui mortal

Compartilhe


Paulinho Cascavel é um desses caras que deveria trazer no seu peito os dizeres acima, mas é lógico que assim não está por razões óbvias, e é por isso que cabe a nós, a sensibilidade de trazer a memória essa bela história que poeticamente foi escrita por ele nos gramados.

Hoje me sinto feliz por conversar com esta fera, que tem uma humildade incrível e nos fala da sua carreira vitoriosa no futebol e na vida.

Perfil

Paulo Roberto Bacinello, nasceu em 29/09/1959 em Santo Antônio da Platina/PR, filho de João e Olviles Maria (in memorian), mudou-se para Curitiba com seus pais em 1970 e revela que seu inicio no futebol foi um acaso, um presente do destino.


De peru a estrela principal

"Morando em Curitiba, eu era vizinho de um dentista que tinha dois filhos, mais ou menos da minha idade e então eu jogava bola com eles na rua e nos campinhos de futebol de bairro, e sempre me destacava, embora não jogasse muito bem, fazia muitos gols, e por coincidência o pai dos meninos além de dentista era também treinador da base do Atlético Paranaense e eu ia com eles de "peru" para os treinos e até que fui convidado a treinar, me saí bem, a partir de então comecei a treinar oficialmente na escolinha do Clube Atlético Paranaense, isso foi em 1971 permanecendo até 1976". relata Paulinho.


A mão de um pai

Filho de uma família humilde, por pouco Paulo Roberto não desistiu do futebol, como irmão mais velho, aos 18 anos sentia o peso da responsabilidade, pensou em largar o futebol e arrumar um emprego para ajudar seu pai no sustento da família, mas seu João teve um papel muito importante na vida e na carreira de Paulinho, chamou para si a responsabilidade, confortou o filho para que continuasse com seu sonho, e toda família o apoiou no que foi preciso para que então pudesse escrever esta bela história de um grande vencedor.

Paulinho foi um dos primeiros juniores a ser vendido na época, seu destino foi o Pinheiros (que mais tarde se tornou Paraná Clube), ainda com idade de júnior tonou-se profissional em 1978, e no ano seguinte, 1979 ainda com 19 anos veio para a cidade de Toledo/PR juntamente com o técnico Lori Sandri e 50% da equipe na parceria da equipe da capital com Toledo Esporte Clube para disputa do Campeonato Paranaense daquele ano.


No Toledo

Realizou um excelente campeonato e ficou na mira do CEC - Cascavel Esporte Clube para disputa do campeonato paranaense do ano seguinte, realizaram confrontos memoráveis no famoso clássico da Soja e começa assim, a trajetória vitoriosa de Paulinho Cascavel - O mago da área!

Foi um início de uma rivalidade muito grande entre Toledo e Cascavel. O Toledo conseguiu montar uma grande equipe com Vaquinha e Cia, entre tantos acontecimentos teve um jogo entre Cascavel e Toledo que o memorável atacante Vaquinha, após fazer um gol do Toledo, foi na linha de fundo próximo a bandeirinha de escanteio e deu uma sambadinha, provocando a fanática torcida cascavelense, foi uma loucura, os torcedores quase invadiram o campo e todos os jogadores do Toledo ficaram temerosos, nunca ninguém tinha feito tal provocação.

Fiz questão de citar o Vaquinha, por se tratar de mais um grande jogador, que por aqui passou e fez história, chegou na região no final da década de 70, vindo também de Curitiba e mais tarde estabeleceu-se na acolhedora cidade de Toledo constituindo família e fazendo amigos.

A semelhança entre ambos não para por aí; os dois levaram para o altar uma miss (título que se dá primeira colocada num concurso que elege a jovem mais bonita de um lugar ou a que obteve a preferência da maioria dos julgadores, com relação a outras), Paulinho Cascavel casou-se com a miss Cascavel e Vaquinha casou-se com a miss Campina da Lagoa, eles realmente não eram fracos!



De volta para Curitiba

Neste mesmo ano, retornou para Curitiba emprestada a sua antiga casa, a do início da sua carreira, fez parte do elenco do Atlético Paranaense, disputando o nacional pelo rubro negro. Enfrentou grandes equipes, grandes jogadores, fez gols e ficou ainda mais valorizado.


A chegada no Cascavel Esporte Clube

Em 1980 ano seguinte, novamente o Pinheiros se licenciou do campeonato estadual e 60% da equipe veio para o Cascavel e compôs juntamente com seus companheiros o tango de uma nota só, eles tocavam e os seus adversários dançavam. Paulinho assegura que foi no CEC que sua carreira deu um grande salto, não é exagero dizer que até hoje, não se formou outro time como aquele do Cascavel Esporte Clube, que sagrou-se Campeão Paranaense em 1980, já tivemos outros bons times por aqui, mas nenhum igual aquele, digamos que equipe do CEC de 1985 chegou próximo, mas não foi perfeito como outrora.

E neste enredo abro um parêntese para dizer que lamento por não ter tido a oportunidade de ter ido ao estádio Teodoro Colombelli - o popular Ninho da Cobra no ano que o Cascavel Esporte Clube levantou o caneco, pois tinha sete anos, morava com meus avós em um bairro afastado da cidade, e face a escassez que vivíamos nem me atrevia pedir para que me levasse para assistir aos jogos, sobre pena de ser repreendido. Só escutava no radinho de pilha o narrador que gritava gol, e foram muitos só do Paulinho Cascavel foram 19, que foi vice-artilheiro do certame perdendo apenas para Everton do Londrina que encerrou a competição na artilharia com 20 tentos.


Uma contusão que lhe custou a artilharia

Acredito que Paulinho só não foi artilheiro do campeonato por conta de um incidente que ocorreu dentro da área, em um lance de cabeceio no famoso clássico da Soja, "Foi em um lance totalmente acidental, em uma cobrança de escanteio de Sérgio Ramos, quando cabeceei pro gol, o zagueiro Bosco tentou afastar a bola e acabou acertando em cheio o meu rosto, tive lesão no maxilar e afundamento no malar, sai desacordado de campo, só me lembro do Otil Bandeira que me prestou os primeiros socorros e me levou para o hospital, fiquei seis jogos fora, por isso acredito que por isso não superei o Everton na artilharia", assegura.


O artilheiro elegante

Com faro de gol, oportunista e um cabeceio fatal, o atacante Paulinho Cascavel não demorou muito a se despontar no futebol do estado, pois as maiores equipes, inclusive os times das capitais sucumbiam diante do seu veneno.

De fato surgiu para o futebol no time do Cascavel, em 1982 foi destaque no futebol catarinense, sendo artilheiro pelo Criciúma no estadual com 16 gols e jogando pelo Joinvile em 1984 foi novamente artilheiro balançando as redes 27 vezes. Foi goleador no América de Rio Preto (SP) e Fluminense (RJ). Fez parte de elencos que reunia os maiores craques do futebol brasileiro e português. Quem não se lembra do grande time do Porto, da máquina do Sporting e da grande equipe do Vitória de Guimarães. Jogou contra os maiores (Maradona, Zico, Careca, Alemão, Aldair, Elzo, Mozer, Casagrande, Sócrates, Neto e etc.). Compôs equipes com os maiores, o que dizer de Rodolfo Rodrigues, Silas, Valdo, Ademir Alcântara, Valdo, Aldair etc...,cita o jogador Careca como uma referência dentro da área, gostava demais de vê-lo jogar, "inclusive somos amigos e nos falamos sempre", complementa Paulinho.


Vestiu a amarelinha

Jogou na Seleção Brasileira em um jogo de festa em Portugal, a seleção foi composta pelos jogadores brasileiros que jogavam em Portugal, montou-se uma bela equipe, Paulinho Cascavel, fez gol!


Entre o casal 20

Só se pode dizer que foi um grande jogador, se pelo menos uma vez tenha atuado no Maracanã e Paulinho Cascavel atuou pelo Fluminense, foi contratado juntamente com Doval para formar a dupla de área do pó de arroz, mas Doval acabou nem jogando e logo foi negociado, foi nesta época que estava chegando no Flu a dupla Assis e Washington, formando o famoso casal 20 e escreveram uma a bela história. E realmente entre o casal 20 não cabia mais ninguém.

Paulinho Cascavel mesmo na reserva jogou várias partidas, foi campeão e se lembra de jogos inesquecíveis e do memorável Fla-Flu, "Maracanã lotado, jogo decisivo, ninguém ganhava do Flamengo e Assis fez o gol da vitória", relembra Paulinho.



Em Portugal, a sua carreira explode

Paulinho atingiu o auge da sua carreira quando se transferiu para o futebol português, foi goleador do campeonato da primeira divisão em duas oportunidades. Com a camisa do Vitória de Guimarães, marcou 22 gols no certame de 86/87. Na temporada seguinte, 1987/88, balançou as redes 24 vezes e foi campeão nacional pelo Sporting.

Paulinho Cascavel está enraizado na história do futebol português por conta do seu excelente desempenho frente as equipes do Porto, Vitória de Guimarães e do Sporting. Existe um verdadeiro arsenal de informações publicadas, que relata a estupenda carreira deste Platinense radicado em Cascavel, que fez história nos maiores palcos do futebol do mundo, acreditem, é riquíssimo o acervo de sua bela carreira!


No Vitória de Guimarães

Sempre balançando as redes e levando o torcedor luso ao delírio, percorreu a Europa jogando contra grandes equipes que eram verdadeiras seleções, foi o maior goleador da Europa anotando cinco gols para o Vitória de Guimarães em apenas uma edição da Taça da UEFA. Junto com seus companheiros conseguiu colocar a pequena equipe do Vitória entre as maiores de Portugal e da Europa, uma visibilidade jamais conquistada pela equipe.

Na equipe de Marinho Peres, técnico brasileiro do Vitória de Guimarães naquela temporada, Paulinho Cascavel deitou e rolou, a ponto de conquistar a bola de prata como maior artilheiro do campeonato 1986/87, com 22 gols anotados. É o maior goleador da história do Vitória de Guimarães na competição européia, 5 gols no total.

No Sporting

Paulinho Cascavel deixa o Vitória de Guimarães e chega no Sporting 1987/88 para substituir Manuel Fernandes, já na sua primeira torna-se novamente artilheiro do campeonato nacional com 24 gols, permaneceu arrasador por três temporadas onde conquistou o título da super taça Cândido de Oliveira pelo Sporting. Depois destes feitos Paulinho Cascavel transferiu-se para Gil Vicente FC em 1990/91, onde por seguidas lesões o forçaram a encerrar sua vitoriosa carreira no futebol português.


O filho do craque

Guilherme Capra Bacinello, nasceu em Guimarães no dia 03 de outubro de 1986, e como não poderia ser diferente seguiu os passos do pai, tornando-se jogador profissional de futebol, de igual modo, atacante carregando nas costas o número 9, começou sua carreira na base do Vitória de Guimarães, ex clube do seu pai, mais conhecido por Cascavel, o jogador luso-brasileiro não teve muitas chances por lá, "a cobrança em cima do Guilherme era muito forte, por um lado o fato de ser meu filho abriu portas, por outro lado o peso de ser cobrado para repetir o que fiz atrapalhou o desempenho dele, mesmo sendo um excelente atleta" - destaca Paulinho Cascavel. Depois disso passou por outros clubes menores, União Torcatense, Bragança, Vila Meã, Trofense, Moreirense, Freamunde e por último Penafiel, onde fez boas campanha e grande visibilidade, fez mais de 30 gols na 2ª divisão no campeonato português, mas nunca teve oportunidade como profissional nas equipes principais fato que acabou desanimando-o, teve uma passagem pelo futebol da Grécia e em 2012 encerrou sua carreira, e hoje toca uma das empresas do pai no Mato Grosso e vive feliz como empresário.


O futebol após carreira

Paulinho Cascavel, até que ensaiou permanecer no futebol após o término da sua carreira, mas não era seu objetivo principal, nunca pensou em ser um condutor de homens, tanto que escolheu morar bem longe dos grandes centros do futebol, eixo Rio-São Paulo, veio para Cascavel, bem afastado do meio emergente da bola, e entende que para ser o diferencial tem que estar no centro nervoso. Montou uma escolinha de futebol na cidade, muito mais de cunho social, e entende que para revelar atleta e para se tornar um grande celeiro é necessário dedicação exclusiva, fato que o fez parar com o projeto e dedicar-se às suas empresas, frutos de muito trabalho e árduo esforço.

Defende o futebol na cidade, parabeniza o esforço dos empresários em ajudar manter uma boa equipe no campeonato estadual, e aponta que o futebol deve continuar, com uma base enxuta, com os pés no chão, dando oportunidade para os jovens valores da cidade, mas sem se iludir que se vai vender algum prata da casa por altos valores e diz: "Um clube pequeno sofre para manter uma base e bons valores, e os empresários da bola vem e levam sua pedra preciosa para os grandes times de graça, então é preciso se estabelecer uma lei que proteja essas equipes", aponta Paulinho que continua "fica difícil se manter, considerando o nosso calendário falho, onde um clube participa apenas de uma competição de três meses e fica o resto do ano parado, isto também precisa urgentemente ser ajustado para salvar o futebol dos clubes", finaliza.


De volta pra casa

Quando a carreira já estava chegando ao fim, Paulinho foi se organizando em seus investimentos na região oeste do Paraná, porque foi Cascavel o lugar onde escolheu para morar. Casado com a ex-miss Cascavel Leisa Capra Bacinello, tem dois filhos, Vitória e Guilherme (este já citado acima), é um empresário muito bem sucedido e leva uma vida tranquila, com sua família e amigos, é apaixonado pela cidade e diz que torce demais para o crescimento da cidade nos aspectos (sócio, cultural, econômico), é uma pessoa culta, politizada e de forte personalidade, aprendeu diante de tantos desafios ser grato a Deus, a família e aos amigos, disso ele não abre mão.

E para finalizar amigos, deixo neste texto transcrito um pouco do que foi a carreira do Paulinho Cascavel, para exaltar a sua bela história, para agradecê-lo pelo que foi e representa para nossa cidade. Ele levou e elevou o nome da nossa cidade para o mundo, é com toda certeza mais um ilustre cidadão cascavelense que merece nosso respeito e nosso reconhecimento. Esse sim, também merece o título de cidadão da nossa cidade!


Comentários